Desde
pequeno, doa 9 anos, era de casa para escola e para a igreja (católica).
Admirado por poucos e criticados por muitos, sempre tive uma vida marcada
por polêmicas, mas dentro da “derrotas, conquistas e vitórias” sempre estive
nas lutas em busca de algo. Muitos dos que me cercavam diziam que seria padre!
Que quando me despertasse para as coisas do mundo poderia ser tarde
(a exemplo, mulheres). Claro que tinha minhas intenções em namorar e coisa e
tal, mas adorava mesmo era está na igreja ouvindo as músicas, concentrando nas
palavras, reunido em grupos do qual fazia parte e orando. Foi assim minha
infância. Ainda nesta idade, pescava juntamente com meu irmão mais velho (hoje
policial), pois não tínhamos recursos necessários para sobrevivermos. Minha mãe
trabalhava e ganhava muito pouco e o pai que tínhamos não conviva com ela. Não
chegamos a passar forme, mas muitas dificuldades. Nossa casa era de taipa e
confrente a ela, muitos matos, um canavial e lamas. Quando chovia alagava tudo.
Foi quando num dia choveu tão forte que derrubou o lado da parede
da casa e tivemos que ir morar em outro local chamando de Barro Vermelho,
um alto localizado no centro da cidade de Laranjeiras. Nesta “nova casa”,
também de taipa, quando choveu aconteceu o mesmo que a casa anterior,
a parede do lado caiu e teríamos que tapar com palhas de coqueiro. O barro
ao lado da casa estava caindo e junto parecia que a casa ia também. Passamos
cerca de quatro meses com a parede da casa coberta por palhas. Foi quando numa
questão numa interferência política resolveram construir de brocos. Nossa
infância foi marcada muito disso, mas continuava estudando e o que era melhor,
tirando boas notas. Na escola que estudava à época Lourival Batista, comecei a
desenhar em cartolinas trabalhos do dia do índio, Tiradentes e outros (esses
trabalhos me destacavam). Nesta mesma época encontrava-se o amigo Nogueira que
também fazia o mesmo e como sempre, bem colocado.
Sempre
estudando, e sempre trabalhando, nunca deixei de trabalhar. Deixei de pescar
porque não me dava bem nas pescarias e fui trabalhar na Padaria à época de
“Fiinho da Padaria” como assim era chamado (“in-memoria”). Passei mais de um
ano trabalhando nessa padaria. Entregava pão nos povoados Várzea e Comandaroba.
Era um Cesto de Pão grande que colocava na cabeça e ia até esses povoados
andando a pé. Era horrível, mas divertido porque nunca ia sozinho. Os horários
eram sempre seis horas da manhã e quatro horas da tarde, todos os dias. Meu
pescoço tinha vez que parecia dormente. Mas enfim, sair da padaria e não parei
de procurar o que fazer. Fui vender prestação (roupas, cobertores de camas e
assessórios semelhantes) nas portas. Carregava mais de vinte quilos de
roupas misturadas com redes de dormir, toalhas e forros de camas. Todos os dias
estava nas ruas e de porta em porta oferecendo o produto as donas de casas. O
dinheiro que ganhava era colocado em casa e nos materiais da escola. Nesses
trabalhos já tinha uns quatorze anos de idade.
Novamente deu
uma chuva forte que deu enchente na cidade. Alagou todo o centro da cidade.
Muitas pessoas perderam tudo. Nós, que já morávamos em um alto e o barro
começou a cair, fomos inclusos como atingidos pela enchente (flagelados) e
ficamos por um bom tempo alojados no prédio do Pré-Escolar Maria Virginia Leite
Franco, na Rua Engenheiro Xavante, e ganhamos uma casa na Vila Ione, próximo ao
Hospital São João de Deus. Nesta época já estudava no João Ribeiro a 7ª Série.
Nesta época já tinha uns 17 anos. De criança a adolescente e as dificuldades
sempre surgindo.